De Río Grande (Argentina) - O sistema criado pela Ipesa Río Chico também fomenta uma rede de fabricantes de máquinas e equipamentos no Brasil. Hoje, cinco empresas de São Paulo, Mato Grosso, Santa Catarina e Rio Grande do Sul fabricam as máquinas embutidoras e extratoras dos grãos no "silo-bolsa".
Em franco crescimento, a JM Máquinas, fundada pelo gaúcho Jorge Antonio Batista em Rondonópolis (MT), tem aumentado a aposta na fabricação de máquinas para operar o sistema do "silo-bolsa". Ex-mecânico, Batista começou no ramo ao copiar uma máquina importada pelo megaprodutor Eraí Maggi Scheffer há alguns anos na região sul de Mato Grosso. "Sempre gostei disso. Comecei olhando e depois resolvi fazer eu mesmo. E deu certo", afirma Batista.
Neste ano, a JM vendeu 70 máquinas aos produtores da região. Os preços variaram de R$ 25 mil a R$ 40 mil por unidade. Agora, ele prepara a empresa para entrar na revenda dos silos da Ipesa. Batista afirma que a Ipesa ainda precisa melhorar sua rede de atendimento no país, sobretudo na região Centro-Oeste do Brasil. "Muita gente compra e depois não tem assitência. vou explorar esse nicho também", avisa ao concorrentes.
No Brasil, também produzem as máquinas embutidoras e extratoras as empresas Nogueira, de São João da Boa Vista (SP); Marcher, de Gravataí (RS); GTS do Brasil, de Lages (SC); e MecMaq, de Piracicaba (SP). Na Argentina, cerca de 70 empresas produziam as máquinas. Hoje, com a especialização, sobraram cinco grandes indústrias.
A grande explosão do sistema se deu em 2001/2002, quando uma forte crise abalou a agropecuária argentina. De lá para cá, o sistema ganhou força fora da Argentina. A cada ano, a empresa dobrou as vendas.
Revendedor da Ipesa em Uberaba (MG), o paulista Sergio Venceslau também viu no sistema uma forma para acelerar os negócios da sua Minasoja. "O frete custa R$ 1 a R$ 1,50 na safra. Se somar a bolsa e as máquinas, o custo ao produtor é de R$ 0,75 por saca. Lá na frente, vendendo fora da boca da safra, ele ganha R$ 5 e não paga frete porque a trading vai buscar lá na fazenda dele", afirma.
O sistema, segundo ele, também evita a chamada quebra técnica, onde o comprador do grão desconta impurezas e umidade da soja e do milho. "É um negocião", resume o revendedor Luciano Nunes Ferreira, dona da empresa Ceres, de Catalão (GO).
O sistema também é elogiado pelo governo brasileiro. Mesmo sem ter optado pela compra dos "silos-bolsa" para suprir o déficit de armazenagem do país, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) acredita que o sistema é uma "boa solução" para médios e grandes produtores que buscam acelerar o giro das vendas. "Funciona bem na Argentina porque o produtor está a 300 km do porto, está perto. É algo bom para quem tem giro rápido", diz o superintendente de Armazenagem e Estoques da Conab, Milton Libardoni.
Mas ele ressalta que o sistema é marcado pelo "uso emergencial" para produtores de outros portes. "Aqui, é bom para grandes produtores ou uma multinacional que vende rápido".
(Fonte: Valor Econômico/MZ)
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