Criada recentemente, a Veloce Logística, pretende chegar em 2013 com faturamento anual acima de R$ 400 milhões, diz o presidente da empresa, Paulo Guedes. Para 2010, no primeiro ano inteiro de operação, a meta já é atingir R$ 140 milhões.
Controlada pelo Pátria, um dos principais fundos de investimentos, a Veloce em boa medida aproveitou o vácuo deixado pela Ryder, empresa norte-americana que, ano passado, em meio à crise financeira global, decidiu desativar a operação na América do Sul.
"A Veloce conquistou os dois principais clientes da Ryder - Toyota e General Motors - mas também agregou à sua carteira outros que não eram atendidos pela empresa americana", ressalta Guedes, executivo de larga experiência na logística automotiva.
As cargas formadas de peças para a indústria automotiva compõem grande parte do volume de serviços da Veloce. "Entretanto, a empresa também atende clientes da área alimentícia nas viagens da Argentina para o Brasil", acentua Paulo Guedes.
Das 550 carretas que pertenciam â Ryder, 276 foram compradas pela Veloce. Além disso, adquiriu outras 100 unidades novas. As carretas viajam atreladas a caminhões do tipo cavalos mecânicos pertencentes a prestadores de serviços agregados.
O ritmo atual de operação da Veloce envolve no serviço de coleta programada mais de 500 rotas diferentes e 3.500 coletas mensais. No chamado manuseio em armazém, o volume, também mensal, é de 28 mil metros cúbicos de peças, abrangendo etapas de recebimento, descarga, embalagem, padronização e expedição. Na operação internacional, a Veloce realiza 700 viagens redondas a cada mês na rota Brasil-Argentina-Brasil. "As operações internacionais são realmente importantes no faturamento e alcançam cerca de 35% do total", diz Paulo Guedes.
O plano é vestir a Veloce de noiva e prepará-la para um pretendente? - pergunto para Guedes, que responde: "A Veloce veio para ficar e pretende crescer de forma orgânica, por meio da expansão de sua capacidade de operações e através de aquisições de outras empresas. O Pátria, o controlador, tem um perfil de realizar investimentos de longo prazo em todas as áreas onde atua."
Um mercado de US$ 180 bilhões
Estudos teóricos mostram que o transporte e logística no Brasil representam um mercado superior a US$ 150 bilhões de dólares por ano. A soma da receita líquida de três dezenas de maiores operadoras brasileiras atingiu ano passado em torno de US$ 10 bilhões de dólares. Ou seja, os grandes respondem por menos de 10% da receita. Pergunto para o presidente da Veloce Logística Paulo Guedes, se ele acredita que esse quadro vai mudar dentro de cinco ou dez anos?
"É difícil, principalmente no Brasil, fazer prognósticos de longo prazo", responde, para acrescentar. "Entretanto, acreditamos que, em face dos investimentos públicos e privados, previstos para a infraestrutura logística nos próximos cinco anos - necessários em qualquer circunstância e mais ainda com a realização da Copa do Mundo e das Olimpíadas - o mercado poderá chegar próximo dos US$ 180 bilhões de dólares por ano".
Guedes reconhece que há muitas oportunidades. Mesmo considerando que muitos serviços logísticos "ainda não são terceirizados (e alguns jamais serão), as oportunidades para as empresas que prestam serviços logísticos, instaladas no Brasil serão, sem dúvida, muito grandes, pois os usuários, entre outros objetivos, continuam buscando redução de custos, foco no seu "core business", redução nos investimentos em ativos e aumento na eficiência operacional."
Fábrica de ônibus já enfrenta falta de pessoal
A escassez de mão de obra, um problema comum enfrentado ao longo de 2008 no setor industrial, já está se repetindo neste 2010 em virtude da retomada de algumas atividades, caso do setor de ônibus.
Tal situação começa a incomodar a Induscar-Caio, maior fabricante do País, que detecta dificuldade para recrutar gente especializada.
A falta de pessoal especializado ocorre em panorama de mercado aquecido. A Caio, da região de Botucatu, cidade do interior paulista onde está a sua sede, tem quadro acima de 3 mil funcionários que operam em ritmo de produção plena, na casa de 31 carrocerias diárias. A crise mundial provocou queda nos volumes, mas isso durou só até agosto do ano passado. "Os negócios foram retomados", diz Mauricio Lourenço da Cunha, diretor industrial
Na contas de Cunha, a Caio vai fechar 2010 com volume de 9 mil carrocerias equivalentes produzidas, o maior número de todos os tempos. "Fizemos 8 mil carrocerias em 2008, caímos para 7,2 mil ano passado e, agora, estamos crescendo bastante".
O aquecimento do mercado de ônibus tem vários motivos. Um deles passa pelas eleições marcadas para outubro para a escolha de presidente da República e governadores. Além de ano eleitoral, que por si só estimula a renovação de frotas urbanas, 2010 deverá ser irrigado pela revitalização da frota de ônibus rodoviários, segmento cujos empresários vinham adiando compras em razão da possibilidade de licitação de linhas prevista para 2009 e que acabou sendo adiada.
Outro nicho que vem consumindo alguns milhares de ônibus é o programa governamental "Caminho da Escola" destinado a suprir de transporte alunos das zonas rurais.
Com essas e outras, a meta da Caio é elevar a capacidade para 12 mil unidades por ano. "Com a eclosão da crise, os negócios caíram e decidimos suspender temporariamente os planos de expansão. Mas, não demorou muito, decidimos ir em frente e investir R$ 20 milhões, R$ 5 milhões em obras civis e R$ 15 milhões em equipamentos", acentua Cunha.
A Caio, fundada em 1946 pelo bisavô do piloto de Fórmula 1 Felipe Massa, foi arrendada em 2001 pelo chamado Grupo Ruas, dono de 4 mil ônibus urbanos em São Paulo e que ano passado comprou o prédio e a marca Caio pelo valor de R$ 49 milhões.(Fonte: Jornal do Commercio/RJ)
PUBLICIDADE