Investimentos de fabricantes e revendedores animam o setor de salvatagem no país. Empresas apostam em ótimo 2011
Os avanços do pré-sal e o otimismo que tomou conta da área de petróleo e gás no Brasil contagiaram também outros setores. Os investimentos maciços na área fizeram com que empresas fabricantes e revendedoras de produtos de salvatagem pegassem uma carona na boa onda e acompanhassem o momento. Crise? Não viram passar. O medo que atingiu a todos em 2009 foi só um susto e, no ano passado, as empresas ligadas aos produtos de salvatagem já estavam com suas economias equilibradas ou até mesmo com rendimentos superiores aos dos anos anteriores. Por isso, muitas fábricas ou importadoras decidiram reservar 2011 para investir em suas empresas para poder acompanhar o crescimento constante do mercado. É hora de expandir para atender à demanda. Somado a este fato está o Programa de Mobilização da Indústria Nacional do Petróleo e Gás Natural (Prominp), que vai de vento em popa, ajudando a indústria nacional a produzir seus próprios bens.
Como são equipamentos obrigatórios, o mercado está sempre solicitando materiais de salvatagem, seja para novos navios e novas plataformas, seja também para a renovação dos equipamentos que saem da validade. A circulação é constante e intensa.
Até mesmo os mais pessimistas estão apostando que 2011 será um ótimo ano. Preocupado com a crise, em 2009, o gerente comercial da Ecomariner, revendedora de coletes, boias e pirotécnicos e de materiais de EPI, espantou-se com os números de 2010, cujo faturamento referente ao ano anterior foi 30% maior. “Foi uma grande surpresa. Para mim, 2011 vai ser ainda melhor que 2010. Estamos bastante otimistas. Pelo menos 10% a mais do que o ano passado”, explica Lopes.
Para acompanhar o crescimento do setor, fábricas e revendedoras estão fazendo investimentos internos. O objetivo é melhorar seus serviços, conquistar novas fatias do mercado, mas também ser capaz de produzir ou importar produtos não muito fáceis de serem encontrados nas prateleiras brasileiras.
Especializada em importação de produtos na área de navegação, offshore e óleo e gás, a Eurosul não poupa otimismo para 2011. Ano passado, a empresa faturou 40% a mais que 2009 e o sócio Carlos R. Lizott acredita que vá crescer outros 40% neste ano. “Estamos no mercado há 20 anos, participando das principais feiras no mundo inteiro e fiquei muito impressionado com a última Oil & Gas, de 2010, no Rio de Janeiro, por ser a maior já vista. Em todos os sentidos, mas principalmente no investimento feito nos estandes, mostrando o poder econômico e o grande interesse comercial em nosso país, pois o Brasil é o grande futuro do petróleo”, conta Lizott.
A Eurosul importa os coletes salva-vidas dentro da nova legislação, da Alemanha e da China, oferecendo ao mercado brasileiro com certificação europeia. Segundo Lizott, a China apresentou esse colete recentemente e países como Alemanha, Dinamarca e Suécia já produzem também. Mas o Brasil ainda não. Entre as características, o colete deve suportar um peso entre 43 e 140 quilos, para pessoas a partir de 1,55m; com um peito Girth de até 1.750mm e terá como equipamento padrão Buddy Line, correia de levantamento, além de apito e fita reflexiva.
Outra novidade da empresa será a balsa inflável com certificação europeia. A Eurosul deve produzi-la em sua filial em Houston, nos Estados Unidos. “Estamos finalizando o projeto e em cinco meses ela já deve estar à venda no Brasil. Com tecnologia americana e certificado europeu”, diz Lizott.
Como as exigências Solas são cada vez mais severas para a autorização de produtos de salvatagem, os fabricantes nacionais são levados a buscar soluções internas para alcançar as homologações necessárias junto à Diretoria de Portos e Costas da Marinha do Brasil. A Ativa Náutica, por exemplo, investiu em tecnologia de ponta e desenvolveu um laboratório de testes de acordo com a ISO 17025, o que dará à fábrica autonomia para criar seus produtos e aferir controle de qualidade nos processos já existentes. “Nosso laboratório realizará quase todos os testes exigidos pela Marinha do Brasil e nos permitirá alcançar certificações nacionais e internacionais, deixando-nos aptos a alcançarmos o desejado mercado internacional”, afirma a diretora comercial Marta Lara.
O desenvolvimento exigiu muita pesquisa de campo, na qual a Ativa contou com a colaboração da Petrobras - SMS Gerência de Segurança, mestres de cabotagem, técnicos de segurança, escolas de treinamento como a West Group e Sampling, além da equipe técnica interna. “Conseguimos durante o decorrer de 2009 a 2010 desenvolver um modelo adequado de colete que irá substituir os coletes classe I tipo jaleco, pois a norma internacional Solas/IMO mudou em julho/2010. Este novo colete salva-vidas é um dos poucos existentes no mundo tipo jaqueta (jaleco) e será denominado como Ativa 150 Solas. Como o próprio nome já diz, não será mais informado a classe do colete e sim a sua performance. Este novo produto é mais moderno e seguro do que todos os seus antecedentes devido à Norma IMO/Solas MSC.200(80). O colete melhorou o seu desempenho em girar uma pessoa desacordada, possui um tamanho único que atende a usuários de 45 a 120 quilos, levanta a cabeça do náufrago mais de 18 centímetros para fora d’água, utiliza cinta laterais para resgate, utiliza lâmpadas de acionamento automático e manual, novo apito entre outras melhorias. Todo material empregado está em conformidade com diversas Normas ISO”, finaliza a empresária.
A baiana North Safe, prestadora de serviços de manutenção em equipamentos de salvatagem, de olho nos clientes e para atendê-los com mais rapidez, abriu em dezembro do ano passado um novo escritório, dessa vez em Macaé (RJ). “A ideia é poder ficar mais perto dos nossos clientes e poder atendê-los de uma maneira mais eficiente, conforme os prazos estipulados. Às vezes a demanda é muito grande e pode acontecer de não conseguirmos atender no prazo determinado. Então, buscamos investir em equipamentos e na contratação de pessoal especializado para montar o escritório em Macaé, mais próximo dos nossos clientes. Acreditamos que, com isso, poderemos atender melhor a demanda, diminuindo os custos de transportes e de tempo também. Não será uma vantagem apenas para a North Safe, mas também para nossos clientes, que terão mais agilidade nos serviços que prestamos”, diz a encarregada administrativa Carla Lima. O novo escritório custou mais de R$ 1 milhão à empresa e conta com 12 funcionários.
Quem também abre filial é a Flexprin Indústria, Comércio e Serviços Marítimos, que deve inaugurar o escritório em Macaé ainda no primeiro semestre deste ano e, outro em Santos, no segundo semestre. Nas duas cidades a empresa irá atuar prioritariamente no segmento de manutenção e revisão de equipamentos. Os investimentos somam em torno de R$ 1 milhão. Em Macaé, o galpão terá quatro mil metros quadrados, enquanto que em Santos o escritório terá mil metros quadrados. “São escritórios grandes onde poderemos atender aos nossos clientes de maneira mais rápida, diminuindo custos de deslocamento, por exemplo”, explica o diretor Carlos Pellegrini, que acredita que em um ano, um ano e meio a empresa terá o retorno desses investimentos.
Nesses dois novos escritórios, a empresa também irá implementar o seu programa de troca de balsas que vem atraindo muitos clientes e que incentiva a troca de uma balsa importada por uma nova nacional, cujo custo de manutenção é bem mais baixo. “A revisão de uma balsa 25 importada custa em torno de R$ 6 mil ou R$ 7 mil. Com esse plano, trocamos a balsa da empresa por uma nova nacional por mais ou menos um terço desse valor”, explica o diretor da Flexprin, Carlos Pellegrini.
Versão nacional
Empresa do Rio Grande do Sul projeta e constrói baleeiras no Brasil. Parceria com a Petrobras garante o fornecimento do equipamento
Isabel Butcher
O ritmo de trabalho é sempre intenso. A cada 15 dias Sérgio Granati percorre os 20 quilômetros que separam Sapucaia do Sul de Porto Alegre para pegar um avião e passar dois ou três dias enfurnado em reuniões seja no Rio de Janeiro, seja em Macaé (RJ). O diretor da Ribb Offshore, empresa de fabricação de barcos salva-vidas, workboats e agora baleeiras não se queixa. Há cerca de quatro anos, ele foi escolhido pela Petrobras para produzir baleeiras 100% nacionais, acordo que aconteceu através do Programa de Mobilização da Indústria Nacional do Petróleo e Gás Natural (Prominp).
Em 2007, a fábrica conseguiu concluir o projeto de homologação junto à Diretoria de Portos e Costas da Marinha do Brasil para começar a construir baleeiras. Depois de passar por todos os testes exigidos, foi autorizado o início da produção. A Ribb Offshore entregou no início de fevereiro deste ano as quatro Evolution 83, como são chamadas as baleeiras que equipam a P-58. Elas viajaram até Cingapura, onde está a plataforma. A P-58 está prevista para entrar em produção em 2014, na Bacia de Campos.
Há dez anos o Brasil não produzia a sua própria baleeira, o que levava as empresas do setor a recorrerem à importação. O acordo de cooperação técnica entre as duas empresas tem como objetivo capacitar fornecedores nacionais para o desenvolvimento de produtos de exploração e produção, evitando cada vez mais a solução da importação, sempre onerosa e burocrática. O valor do custo de cada baleeira é guardado a sete chaves. Mas Granati afirma que a baleeira nacional não foi mais cara que uma importada. “Com esses produtos que estamos entregando à Petrobras, estamos competindo com as empresas orientais, inclusive. Não temos privilégio algum. A Petrobras não está
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